Porque dias antes do embate com o F.C. Porto anunciou que jogaria o último clássico da carreira e principalmente porque saiu do tão esperado desafio de olhos fixos no chão, envergonhado pela expulsão que acabou por prejudicar o seu Sporting.
Sá Pinto é daquelas figuras incontornáveis do futebol que irá deixar saudades. Mesmo aos adversários, não só pela qualidade que devolve ao jogo, mas também pelo exemplo de entrega e abnegação. Com um daqueles amores à camisola que já não existem e que alimenta o desejo de continuarmos a encarar o desporto como algo genuíno, não apenas economicista. Por estas e por outras, vai fazer falta.
Mas quem, no futuro, tentar recordá-lo terá de falar nas irreverências, nos excessos, nos momentos em que o génio não conseguiu suster o «louco». Ao 230º jogo na liga portuguesa, os desejos não se tornaram realidade. Afinal não foi possível ultrapassar o F.C. Porto (adversário mais forte nesta luta), nem abrir as portas ao segundo título nacional na carreira. E Sá Pinto tem as suas culpas, porque não conseguiu ser decisivo de uma forma positiva, prejudicando a equipa com um acto irreflectido. Foi, muito provavelmente, o último pecado cometido como futebolista profissional.
Ricardo Sá Pinto: sangue, suor e lágrimas...