quarta-feira, 18 de abril de 2007

O milagre Moçambicano (se até eles conseguem...)




Não é todos os dias que um país africano é tema de boas notícias na imprensa mundial. Isto é particularmente verdade quando se trata das austeras páginas de opinião do austero ‘The Wall Street Journal’, subordinadas ao lema «free markets, free people». Mas aconteceu na edição digital do passado sábado.

Sob o título ‘O milagre de Moçambique’, o famoso editorialista Mathew Kaminsky escreve que «Moçambique é um dos países mais pobres do mundo. É também uma história de sucesso (relativo).»

Na última década, a economia experimentou uma taxa média de crescimento anual de 8%, a mais alta dos países africanos não exportadores de petróleo. O PIB «per capita» é ainda de apenas 320 dólares, mas deve ser comparado com 178 dólares em 1992. Desde 1997, a pobreza desceu nas zonas rurais de 71 para 55 por cento e de 62 para 52 por cento nas zonas urbanas. A produção agrícola cresceu a uma média anual de 5,6 por cento ao longo dos últimos 15 anos. Empresas estrangeiras instalam-se no país a ritmo apreciável.

Segundo Kaminsky, este é o resultado de profundas reformas promovidas a partir do início da década de 1990. Os subsídios foram cortados, a economia foi aberta ao investimento estrangeiro, empresas nacionalizadas após a independência foram privatizadas, e foi colocado um travão sobre o orçamento e endividamento do Estado. Um banco central independente reduziu a inflação. Moçambique introduziu mais reformas do que qualquer outro país da África sub-saariana.

A confirmarem-se as boas notícias, muitas teorias sofisticadas sobre o subdesenvolvimento voltarão a cair por terra. Afinal, a chave do combate à pobreza no Terceiro Mundo é a mesma que permitiu ao Primeiro libertar-se dela. Essa chave foi memoravelmente descrita por Winston Churchill a propósito da filosofia política de sir Francis Mowatt, um alto funcionário público da Inglaterra vitoriana:

“Ele representava a completa visão vitoriana triunfante da economia e das finanças: estrita parcimónia; contabilidade exacta; comércio livre, independentemente do que o resto do mundo pudesse fazer; governo suave e firme; evitar as guerras; apenas pagamento das dívidas, redução dos impostos e poupança; quanto ao resto — ao comércio, indústria, agricultura, vida social — «laissez-faire» e «laissez-aller». Deixemos que o Governo se reduza e reduza as suas exigências sobre o público ao mínimo; deixemos que a nação viva de si própria; deixemos que a organização social e industrial tome o curso que quiser, sujeita apenas às leis da terra e aos Dez Mandamentos. Deixemos que o dinheiro frutifique nos bolsos das pessoas”

3 comentários:

Anónimo disse...

Está lançado o caos, depois de surpreender tudo e todos, nomeadamente no que concerne ao conteúdo do post e ao adorno visual escolhido, não posso deixar de referir que este era o país mais pobre do mundo.

Muitos seriam os que se apressariam a reivindicar ajudas e educação de forma a ajudar este pobre povo.

Estariam rotundamente enganados, esquecem-se de algo fundamental que é a precedência da recuperação económica sobre os aspectos relacionados com a cultura e o bem estar.

Realmente a cultura e a educação virão agora, com a consolidação económica, nunca antes e ajudar este povo tornando-o subsidio-dependente seria a maior catástrofe para eles, por muito meritória que fosse tal iniciativa.

Assim o neo-liberalismo dá mais um passo seguro na história da humanidade e deixa a nu as debilidades de certas politicas ultrapassadas e com provas dadas de falência por todo o mundo.

Unknown disse...

Em parte é verdade. Mas ainda tem um caminho muito comprido a percorrer.

Nox disse...

Parece-me óbvio e evidente que o liberalismo é o melhor caminho para o desenvolvimento de um país. É inato da condição humana: cada um quer desenvolver por inicativa própria o melhor para ele que levará ao bem-estar da sociedade. Claro que sob regras sociais que o Estado deverá procurar agilizar, não levando por exemplo a um comércio e exploração selvagem.
É com agrado que assisto finalmente a este desenvolimento de Moçambique.