quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

O fascismo ressurgido...






Atendendo ao título muitos ilustres pensarão que ensandeci... Realmente a voz mais "à direita" deste espaço cultural é precisamente aquela que primeiro se insurge com uma série de políticas fascizoides-baratuchas que têm abalado este nosso jardim à beira-mar plantado...

Sem temer a polícia do regime e ignorando a possibilidade de ser processado por esta espécie de 1º ministro ( até porque graças a ele sou oficialmente insolvente visto que se tornou prática os estagiários não receberem neste país mas isso não impede o governo de "presumir" que recebo no mínimo 6 salários minímos anualmente e ainda vir buscar umas migalhas!!!!) escrevo desta forma pois ninguém calará a voz da revolta Clandestina...

Isto tudo para dizer o quê? Ora bem, após o fecho das maternidades (já temos crianças a nascer aos magotes em Espanha), do fecho das urgências (eu se fosse transmontano ou alentejano recusava-me a pagar impostos pois são tratados como cidadãos de 2ª), do tratamento vergonhoso de que foram vítimas os professores, após o escândaloso aumento de impostos que o mentiroso jurou a pés juntos não aumentar, após o controlo aberrante da comunicação social e por fim, a instituição da polícia política do regime (ASAE) chegou a altura de dizer BASTA!!!

Efectivamente esta minha revolta espontânea surgiu após ter-me vindo à memória uma amena cavaqueira sobre política, com um amigo meu, decorrida há uns meses atrás...

Enquanto conversávamos ele defendia qualquer coisa do género: "olha pá, tu vais ver que esse sócrates ainda vai proibir o fumo em todo lado porque o gajo não fuma..." "Tás louco" - respondi eu.
"Acredita, e vais ver que ainda te obrigam a fazer jogging, porque o gajo gosta e vai obrigar todos a fazer..." "Não andas bom da cabeça" - retorqui eu novamente com sincera incredulidade.
"Ouve o que te digo, amigo, e vais cheio de sorte se não te obrigar a... a..., tu sabes, o alargamento da via do infante não te diz nada?" "Perdeste mesmo a cabeça" - respondi eu já divertido com tamanha barbaridade.

Volvidos que estão alguns meses pesa no meu espírito uma preocupação tremenda... Não é que o meu amigo tem acertado em quase tudo!!!

Senão reparem: o homem proibiu mesmo o fumo, os fumadores são perseguidos como se fossem criminosos mas e quanto ao álcool? Aí já não há coragem nem vontade de mudar, afinal só morrem centenas de pessoas nas estradas portuguesas devido a ele, cerca de 8% dos processos que entram anualmente nos tribunais no nosso país decorrem directamente dele (rixas, condução em estado de embriaguez, violência doméstica,...) e chegou-se ao cúmulo do campeonato de futebol, sob a égide do FPF (organismo público) ser patrocinado na próxima época pela Sagres!!!! Mas os fumadores, esses malandros é que devem ser perseguidos porque prejudicam muito a saúde alheia, haja vergonha...
Agora desceu o IVA dos ginásios de 21% para 5%!!!! Quer dizer, vai-se ao supermercado e as fraldas são a 12% ou 21%, diversos bens essenciais (sabonetes, giletes,bolachas, roupa,...) são taxados com IVA de 21% mas os ginásios são taxados a 5%!!!! Não me intrepretem mal, eu concordo que a educação física é fundamental nas sociedades modernas e evoluidas mas não é reduzindo o IVA a ginásios (espaços de luxo) mas sim fazendo isso com a roupa desportiva e fornecendo aos cidadãos condições e infra-estruturas capazes para que se sintam motivados a fazer desporto...
Começo a acreditar que o gajo quer mesmo pôr o povo todo a correr nas passadeiras como ele!!! E isso leva à parte mais perturbadora do raciocínio do meu amigo...
Será que ele nos vai obrigar a..., a..., PORRA, NÃO!!!
E foi aí que me revoltei e comecei a ser um elemento subversivo...

O fascismo é engraçadote, mas um fascismo de homens, não é deste!!!!!

23 comentários:

Anónimo disse...

Isto da redução da taxa de IVA nos ginásios e afins, é uma medida que vai tirar dinheiro de um bolso para pôr noutro. O consumidor final não deu pela baixa de preço. Afinal, o empresário do ramo, conseguiu converter o IVA reduzido, numa maior margem de lucro.
Quanto à publicidade sobre o alcóol, já há muito tempo se sabia. Senão reparem no aparecimento das publicidades das cervejas. De repente, todas as marcas surgiram no mercado publicitário com anúncios "sem alcóol", quando todos sabem que este tipo de produtos não têm a melhor aceitação por parte dos portugueses, e clandestinos em geral!!
Agora, o circuito do Estoril, ficou fora das provas mundiais de Fórmula 1 por o Estado Português não tolerar publicidades a alcóol e tabaco, e sendio estas indústrias as que mais dinheiro injectam na modalidade.
Sinceramente, a leis parece feita para alguns... Outros, nem por isso!

Anónimo disse...

Aguardo com "bastante impaciência" a crónica do prof. marcelo sobre o crash da bolsa... A segunda-feira negra!
Para quando, Marcelo?!

Anónimo disse...

O Prof. esta um pouco ocupado. Mas vou vos dizer os meus prognosticos.

Primeiro: A crise financeira nao acabou (longe disso) e a meu ver na melhor das hipoteses so para final do ano e que estara resolvida.

Segundo: A economia ainda nao foi directamente atingida. Podem demorar alguns meses ate tal acontecer mais acho inevitavel que aconteca.

Terceiro: Se voces fossem directores de empresas diria vos para terem calma com investimentos e novas contratacoes. Como nao sao...

Sao os meus prognosticos em relacao a crise.

Ja no que concerne os fascistas. Socrates e Le Pen.

Como o proprio referiu acho estranho que um fascista se queixe de outro fascista. Mas ok....

Apesar de muitas politicas incorrectas penso que este foi o primeiro primeiro ministro a ter alguma coragem em Portugal desde que o pais e uma democracia. Fez e esta a fazer erros. Mas se todos tivessem a mesma coragem e iniciativa, nao estariamos assim de certeza.

Apesar de estar ciente dos seus erros penso em votar nele para torna-lo. Merece o meu apoio por ser o primeiro p. ministro que governou um pouco mais para resultados e menos para as proximas eleicoes.

Dito isto acho que ainda falta tempo ate Portugal se conseguir desenvolver e criar um modelo economico estavel.

Sem mais me despeco em directo de Bona, arriscando me a ficar mais algum tempo por estas terras....

Anónimo disse...

"Se voces fossem directores de empresas"

O que é que queres dizer com isso?
Que passo o meu "tempo profissional" a gerir um blog?!
Que é o blog que põe o pão na mesa?!

Ahh...

Anónimo disse...

Pois Sami, se tiveres um AVC ou um enfarte na Alemanha tens um hospital para ir mas se fores de Chaves tens que andar cento e tal kms para chegar ao Porto e morres pelo caminho!!!!
Já agora sabias que morreu um bebé à porta de umas urgências acabadas de encerrar e que foi tratado na ambulância mesmo à porta?!!?Isto é o quê, África???
Não concordo que o progresso seja isto...
Mais, neste momento estão a fechar só a cultura portuguesa!!! explicando melhor, a ASAE proibiu as alheiras, o arroz de cabidela, fechou o Zé Manel dos ossos (só o restaurante mais típico de Coimbra), etc, etc...
Já mete nojo, se achas que isto está assim tão bom anda para cá viver que isso passa-te num instante...

cumps

Anónimo disse...

Só não percebo é como é que neste blog há alguns fascistas e para minha surpresa eles estao contra o SOCRATES, que faz parte do Governo mais à direita de PORTUGAL desde o 25 de Abril...

Anónimo disse...

Lá está, é o fascismo dos tempos modernos!!! Não é aquele fascismo puro e duro mas antes uma espécie de democracia mais musculada, uma meritócracia onde o trabalho é recompensado assim como a capacidade... ambos são indíces de discriminação positiva!!!Mas não é isso que acontece actualmente em Portugal, ao invés da meritócracia florescem as cunhas e os tachos, o povo vive mal mas nem sequer é reprimido, anda contente pq a "esquerda" tá no poleiro.Não entendo a maioria das opções estratégicas e temo que sejam tomadas pura e simplesmente por compadrios, em suma não é quem mais trabalha e quem é mais capaz que sobe na vida mas antes quem é amiguinho dos socialistas e isso não é o meu "fascismo"...
Agora devias perguntar como é que os de "esquerda" deste blog defendem tanto o sócrates, isso sim seria uma pergunta pertinente!

Abraço

Nox disse...

Congratulo-me que neste blog, finalmente haja um tema sério (nao que esteja a chamar ao futebol um tema reles). Pelo menos é um tema que faz pensar que os clandestinos deste blog estao atentos à realidade económico-social do NOSSO país.

No começo da sua legislatura acreditava na coragem e boas intençoes deste Sócrates, no sentido de mexer em poderes instalados e fazer algumas reformas que se exigiam à muito. Creio que nao teve à altura das minhas expectativas porque ou se fazem as reformas a fundo (mesmo enfrentando as manifestaçoes e aguentando os conflitos) ou nao se fazem, e acho que as reformas ficaram a meio. Existiu muita força para implementá-las, mas depois nao houve a devida força para progredir e no meu ponto de vista caiu num certo descrédito...

Deverá dar-se o mérito por tentar começar estas reformas? Talvez, mas podia ir muito mais longe. Mesmo tendo em conta que começa a faltar pouco tempo para as eleiçoes, e a ter que agradar novamente o povo (que tem a memória curta), poderia ter sido mais "rompedor" com os interesses instalados.

Pelo que vejo na minha nova realidade (espanhola) vou-me convencendo que sao as politicas de direita as que melhor desenvolvem um país. Este governo de Zapatero é muito brando, muito de diálogo (como me faz lembrar o Guterres). Senão vejamos 2 exemplos:
- a ETA está a regressar com mais força ao círculo mediático. Depois de o PP ter tornado este grupo terrosista num grupo bastante débil, este governo com o seu diálogo com a ETA e tentando contactos com partidos políticos "legais" etarras fez com que este tivessem acesso a muita informação que antes nao tinham;
- também permitiu um cartel na construção civil que levou a uma incrivel subida de preços na habitação, não havendo perspectivas de resolução do problema.
E agora começa a onda de que a crise vem aí. Estou para ver o que passará depois das eleições de 9 de Março...

Eu não me posso queixar muito porque vivo na capital (por acaso o "alcalde" é de direita) e Madrid foi considerada uma das 10 melhores cidades da Europa para viver, e pela primeira vez desde há muitos anos melhor valorizada que Barcelona que já não aparece na lista.


Não sendo tão pessimista como o autor do post acho que se está degradando sobretudo o interior do país e espero sinceramente que as coisas melhorem.
Passa tudo por uma questão de mentalidade... ou seja, é um problema de fundo e apostar numa boa educação de uma vez por todas!

Em relação ao comentário sobre as cervejas sem alcool, este foi pura e simplesmente um tema de Marketing: já que as marcas nao podem anunciar bebidas alcoolicas (em horário normal), estas têm imperativamente de continuar a aparecer em prime-time, por isso a solução encontrada foi anunciar através de anuncios de cervejas sem alcool. Digamos que o que lhes importa é o aparecimento da marca do que propriamente o produto, visto que calculo que a sua venda no total de vendas do seu portfólio será residual. As empresas têm de se mexer...

Um tema que vai passando meio despercebido e que ninguém falou é a subida de preço de uma matéria-prima essencial: o cereal! Ajudas neste sentido é que seria bom.
Aproveito (puxando a brasa à minha sardinha) para dizer que a subida do preço das bolachas não é culpa nossa... apenas tivemos que repercutir a subida de preços dos cereias... como acontece no pão, etc. Por isso não é aproveitamento nosso (nao é lucro para nós :p ).

Em jeito de conclusão, acho que perdemos muitos anos de desenvolvimento e que as bases já deveriam ter sido há muito lançadas.
Poderão dizer que "fugi" e que não estou a ajudar o país e que nao terei direito a criticá-lo, mas na verdade nem penso em regressar (muito menos enquanto não existir essa alteração de mentalidade).

Abraço a todos!

Anónimo disse...

alguém se entusiasmou a escrever...

Anónimo disse...

como é que os de esquerda deste blog defendem tanto o SOCRATES?

Anónimo disse...

Por acaso estava estusiasmado e poderia continuar...
Quando me explicarem como é que um governo se intromete de uma maneira tão escandalosa na vida de um banco privado...
É como digo: depois dos rumores das palmadinhas do Chavez à Naomi acredito em tudo!

Anónimo disse...

VIVA O LOUÇÃ!!
VIVA O SÁ FERNANDES!!

LEGALIZE!!

VIVA O BLOCO!!

Anónimo disse...

E as bolachas?!
Ninguém fala do preço do "cereal"?!
Ahh!!

A mim, não me convencem...

Anónimo disse...

Amigo emigra corrosivo, obrigado já me tinha esquecido dessa... Exacto, estes gajos nem sequer são fascistas à séria, tipo liberalismo puro, acho realmente que isto é mais parecido com o "chavismo"...

Anónimo disse...

Mas os que andam a falar de reformas têm razão...Não podia estar mais de acordo! Cabe na cabeça de alguém que Portugal tenha tantos funcionários públicos como a Alemanha apesar de ter 1/4 da população!!!??? E funcionarem pior!!!!E muitas mais coisas que necessitam uma urgente mudança...Mas apesar disso não podemos esquecer que as coisas que referi no post acontecem actualmente em Portugal!!!E se concordo com reformas profundas não posso concordar com algumas políticas de bondade dúvidosa para o país, antes parecendo que se destinam é a agradar certos interesses instalados ou a amealhar mais uns cobres...

Anónimo disse...

Lembro-me bem do sururu a nível nacional quando se dizia que o Santana controlava a comunicação social.
Agora, estão a encostar o José Rodrigues dos Santos (que é para mim o melhor jornalista português) porque anda a denunciar as pressões que governo está a fazer na RTP.
Manifestações contra o Sócrates? Nenhuma! Ah, pois... esquecia-me que o outro era um mulherengo e sem vergonha. Este... nem comento.

Anónimo disse...

É isso emigra ll, parece que existem 2 pesos e 2 medidas neste país!!! Vá-se lá perceber o povo...

Anónimo disse...

Só para se ter um bocado de noção acerca do que se está a falar e ninguém andar enganado acerca de como anda este país, segue uma transcrição de uma conversa VERÍDICA após chamada de emergência para o 112:

Depois da chamada de emergência, outra operadora do CODU do INEM telefona para os Bombeiros de Favaios)

Operadora (O): – Boa noite. É do CODU do INEM. É uma saidinha para Castedo.

Bombeiro de Favaios (BF): – Diga.

O: – Para o Bairro de Santo António, n.º **. Diga-me uma coisa: a VMER de Vila Real é a mais próxima, não é?

BF: – A de Vila Real já está fechada.

O: – Quanto tempo demora a viatura médica?

BF: – Ainda demora até ao Castedo. Vila Real...

O: – Não. De Vila Real a Castedo?

BF: – Ai. De Vila Real a Castedo? Sei lá.Três quartos de hora.

(A operadora do CODU fala com uma médica que se encontra no CODU)

O: – Doutora, a VMER demora três quartos de hora, mas também não tem coiso aberto...

Médica (M): [imperceptível]

O: – Mas que quer que ponha? VMER não disponível?

M: [imperceptível]

(Volta a falar com os Bombeiros de Favaios)

O: – Não há nenhum centro de saúde aberto?

BF: – Não, aqui está fechado.

O: – Vamos mandar a VMER de Vila Real. Isto é um masculino, de 44 anos. Quem nos ligou diz que caiu das escadas, deitou sangue pela boca, parece estar morto.

BF: – Diga. Estou?

O: – Sim. Está-me a ouvir?

BF: – Estou.

O: – Estou. Está-me a ouvir?

BF: – Estou...

O: – Ó meu Deus! Eu estou a ouvir. Está-me a ouvir?

BF: – Diga, diga...

O: – Ouviu o que eu disse até aqui ou não ouvi nada?

BF: – Não ouvi. Desculpe lá, estou a ouvir de telemóvel.

O: – Vou mandar vir a VMER de Vila Real. O senhor caiu pelas escadas. Quem ligou diz que já está morto!.

BF: – Ah!... Pois, e agora o que quer que se faça?

O: – Ficha CODU 32...

BF: – Espere aí, que eu agora não tenho aqui caneta!!!

O: – Eu vou ajudá-lo. Vou passar a VMER de Vila Real para ajudar a chegar ao local. Não desligue. (...) Valha-me Deus, estou lixada.

(A operadora do CODU liga para a médica de serviço à VMER de Vila Real)

Médica da VMER (MV): – Sim?

O: – Olá, doutora. É uma saída, para longe.

MV: – Para onde?

O: – Castedo, Alijó. (risos)

MV: – Ok. O que é?

O: – Um senhor de 44 anos caiu pelas escadas. Deitou sangue pela boca. O contactante diz que ele está morto!

MV: – Morto?

O: – Sim. Diz o irmão.

MV: – Pois, coitadinho.

C: – Mas com uma calma gélida, segundo a minha colega.

MV: – Hummm...

O: – Eu vou passar-lhe os Bombeiros de Favaios para dar uma ajudita.

(A operadora do CODU retoma a conversa com os Bombeiros de Favaios)

O: – Estou, Favaios?

BF: – Estou, estou.

O: – Ajude aqui a viatura médica, se faz favor..

BF: – Sim, sim, ora diga lá então..

O: – Estão em linha, pode falar.

(Bombeiro de Favaios e a médica da VMER de Vila Real falam um com o outro)

MV: – Boa noite.

BF: – Boa noite.

MV: – Boa noite. Podiam dar-nos algumas indicações? Onde é o...

BF: – Como, como?

MV: – Se nos podia dar algumas indicações. Onde é...

BF: – Ora bem. Eu não sei como é que vou explicar. Chega ali a Alijó, vai adiante, ao pé das bombas de gasolina. Há uma rotunda à esquerda. Corta à esquerda, para ir ao Intermarché. E segue sempre em frente para o Castedo. Sempre estrada fora.

MV: – Para onde?

BF: – Para o Castedo.

MV: – OK. Pronto, obrigado.

BF: – E agora, o que faço?

MV: – Diga?!?

BF: – O que faço? É preciso ir lá eu?

MV: – (risos). Ó senhor, nós vamos a caminho.

(A operadora do CODU reentra na chamada telefónica)

O: – Ó, Favaios!

BF: – Diga, diga.

O: – Obviamente é para lá ir a ambulância para iniciar suporte básico de vida. Se estiver em paragem. Digo eu.

BF: – Olhe, mas arranco para lá eu?

O: – ... (risos).

BF: – Estou?

O: – Peço desculpa. Eu estou a falar com uma corporação de bombeiros, não estou?

BF: – Está sim. Mas estou a atender o telemóvel.

O: – Então eu estou a dar-lhe uma saída, e pergunta-me a mim o que vai fazer? Nunca tal me aconteceu.

BF: – Desculpe lá, desculpe lá.

O: – Claro que tem de ir para o local com a ambulância e com o colega.

BF: – Então qual é o número?

O: – 32703.

BF: – Posso desligar, CODU?

O: – Pode, pode.

BF: – Arranco então. Vou já arrancar para lá.

O: – Sim, arranque para lá. Avalia a vítima e, quando tiver dados, dá a informação para cá para o CODU.

BF: – Eu estou sozinho.

O: – Está sozinho?

BF: – Estou.

O: – Então como vai sair uma ambulância sozinha?!.

BF: – Não tenho mais ninguém agora aqui.

O: – Como não tem?

BF: – Então como vou fazer!?!

O: – Espere aí! (dirigindo-se para a médica da VMER) Ó doutora, Favaios está sozinho, não tem mais ninguém... (volta a falar com o bombeiro) Não arranja outro tripulante?

BF: – Quem é que vou arranjar agora?!

O: – Qual é a corporação mais próxima além de vocês?

BF: – Só Alijó.

O: – Quanto tempo para chegar ao local?

BF: – É só ir buscar a ambulância e arrancar!

O: – É só ir buscar a ambulância e arrancar! (risos em fundo)

BF: – Cinco minutos.

O: – Mas quanto tempo demora a chegar ao local?

BF: – Daqui ao local são sete a oito minutos.

O: – Dez minutos. Qual é a corporação mais próxima? É Alijó?

BF: – É Alijó.

O: – Quanto tempo Alijó demora a chegar ao local?

BF: – Mais ou menos a mesma coisa. É pegado.

O: – Então vou mandar Alijó. Vou pedir ajuda, para você ajudá-lo a chegar ao local. (desabafo para alguém que está ao lado) Tu estás a ver? Ele está sozinho. “O que é que eu faço?”, pergunta-me ele.

(A operadora do CODU telefona para os Bombeiros de Alijó)

Bombeiro de Alijó (BA): – Estou sim...

O: – Uma saidinha para Castedo.

BA: – Castedo é Favaios!

O: – Pois é. Mas Favaios está só com um senhor e a ambulância. E a vítima pode estar em paragem respiratória. Vai a viatura médica de Vila Real. Não posso enviar uma ambulância só com uma pessoa para fazer uma emergência médica.

BA: – Aqui também não tenho ninguém.

O: – Não tem aí ninguém.

BA: – Não. Só se chamar...

O: – Então...

BA: – Aqui só fico eu de noite.

O: – Só fica o senhor sozinho de noite na corporação? Então se há um incêndio?

BA: – Tenho de tocar a sirene.

O: – Tem de tocar a sirene. Ó valha-me Deus!

BA: – Minha amiga, não temos meios.

O: – (dirigindo-se à médica da VMER) Ó doutora, Alijó idem idem...

BA: – Mas eu vou chamar um colega meu.

O: – Ó doutora. Eu posso mandar ir o de Favaios e o de Alijó. (dirige-se ao bombeiro) O senhor pode ir?

BA: – Vou chamar o meu colega.

O: – Vai chamar o colega. Pronto, então siga. Vá. Bairro de Santo António. n.º **

BA: – Qual é o número da ficha?

O: – 32706, Sabe onde fica?

BA: – Sei, sei. Vou já ligar.

O: – Pronto, obrigada.

(chamada termina após nove minutos e meio, minutos depois das 04h00 de anteontem)

CHAMADA PARA O 112

(Uma mulher é atendida por uma operadora do CODU minutos antes das 04h00 de anteontem)

Operadora (O): – Emergência médica, bom dia.

Mulher (M): – [imperceptível]

O: – Mais alto, estou a ouvir muito mal.

M: – [imperceptível]

O: – Castedo, Alijó, Bairro de Santo António nº **. Diga-me o número de telefone caso a chamada vá abaixo.

M: – *********

O: – *********. Minha senhora, ouça o que lhe vou dizer. O que se passa aí?

(Um irmão de António Moreira toma o lugar da mulher do outro lado da linha)

Irmão (I):– Estou? Estou?

O: – Diga então o telefone daí.

I: - *********.

O: – Pronto, muito bem. Diga-me o que se passa aí.

I: – Podia ligar-me aos bombeiros?

O: – Diga-me o que se passa aí. Para que quer a ambulância?

I: – [imperceptível]

O: – Quer uma ambulância em sua casa?

I: – A vir cá alguém é a guarda [a GNR], não é?

O: – Mas quer a guarda ou a ambulância?

I: – Vale mais a guarda.

O: – Olhe, se é só a autoridade que quer, vai desligar e voltar a ligar 112 e pede autoridade. Se há pessoas feridas, é mais ambulância.

I: – Não, não... Ele morreu.

O: – Morreu?!

I: – Ele deve ter morrido.

O: – E é homem ou mulher?

I: – É um homem.

O: – Com que idade?

I: – Quarenta e nove, mais ou menos.

O: – Quarenta e quantos?

I: – Quarenta e quatro.

O: – Quarenta e quatro anos. Ele já estava doente ou foi agredido?

I: – Ele estava doente.

O: – Doente com quê?

I: – Caiu!

O: – Você é familiar dele?

I: – Sou irmão.

O: – O seu irmão já estava acamado?

I: – Não. Estava em pé e tudo. Foi em casa. Ia a descer as escadas e caiu.

O: – Ao descer as escadas caiu. Foi hoje a queda?

I: – Foi, foi agora de noite.

O: – O senhor disse que ele morreu.

I: – É. Está morto. Deitou muito sangue pela boca.

O: – Mas diga-me uma coisa: isso mesmo agora?

I: – Foi. A minha mãe estava a dormir e deu conta.

O: – Ele não respira?

I: – Não.

O: – Confirme-me a morada.

I: – [imperceptível], Alijó.

O: – Como?

I: – Castedo, Alijó.

O: – O senhor está a dizer que o seu irmão faleceu e está tão calmo. O senhor não está a brincar com o 122, pois não?

I: – Não. Não estamos a brincar. Ouve lá.

O: – Neste momento o seu irmão não se mexe e não respira?

I: – Não, não, não.

O: – Olhe, vai desligar que eu daqui a um bocadinho volto a ligar. Pretendem ambulância e autoridade. É isso?

I: – Sim, sim.

O: – Para que querem a autoridade?

I: – Quer dizer que não se vai tocar nele nem nada. Não é?

O: – O quê?

I: – Não se pode tocar nele.

O: – Fique a aguardar a chegada de ajuda. Boa noite.

(a chamada termina depois de quatro minutos de conversa)

Anónimo disse...

Que confusão do caraças!!!
Realmente dá uma sensação de segurança...
Não é de admirar que o pessoal de Trás-os-Montes fuja para Espanha.

Posso-vos dizer que tenho um amigo que mora perto de Asturias/Leon (vizinho a Tras-os-Montes para quem não sabe) em que algum dos seus melhores amigos são portugueses. Foi o único que conhecia o "Vitória de Guimarães" (bem pronunciado) e tinha de memória os apelidos Couto e Meireles :)

Isto para dizer que a desertificação nessas zonas é uma realidade. Como fica muito longe de Lisboa, este é um problema que não deverá merecer muita atenção...

Anónimo disse...

Isto é próprio de um Governo que se diz de esquerda e que pisca o olho às políticas da direita!!

Anónimo disse...

Para que estas medidas do Governo tenham resultados, será preciso entrar pela via da regionalização.

O SNS funconaria muito melhor e com uma melhor eficiência se cada distrito, província ou região, conseguir adaptar os seus meios às necessidades próprias de cada área. Haveria um hospital central em cada uma das províncias, dos quais tratariam os pacientes que apresentassem um primeiro grau de gravidade, passando para segundas instalações hospitalares os que se apresentassem em melhores condições.
Claro que iriam haver províncias com condições bem mais desenvolvidas do que outras, mas iriam obrigar a desenvolver e criar novas infraestruturas para aquelas zonas menos equipadas.
Isto falando do SNS.

Quanto à política e finanças, cada província teria o controlo total, sempre com o dever de apresentar contas ao poder central, podendo assim, autodesenvolver-se, começando pelas suas principais prioridades.

Qualquer dia, as zonas do interior português, irão reclamar junto de Lisboa, uma compensação por danos infligidos com as suas políticas de centralização. Comparando isto ao que sucedeu com Angola e Moçambique, que pediam indemnizações pelo colonianismo.

Penso que a solução começa mesmo por uma regionalização. E, a bem dizer, nem sei se não será essa a ideia deste Governo. Com o tempo, logo saberemos...

Anónimo disse...

Concordo plenamente. Resta saber se há coragem para tomar essa medida estrutural...

Sá Rocha disse...

ehhhh pá. Um gajo chega de ferias e ve estes posts todos. Mas acho muito bem que se discutam as coisas. Só tenho pena da ausencia do M Meira. Ja sinto falta das discussoes com o moço.

Em relação a estado do pais confesso que perdi o fio a meada. Muitos posts para tar a responder a todos. Mas que concordo que as cosas nao estao bem, concordo.

Que mais poderia ser feito tb... Mas em relacao a politicas de direita ou esquerda... Uhmmmm No centro nao variam muito. Infelimente na direita temos o maior demagogo do pais e na esquerda utopicos que vivem o como se isto ainda fosse a guerra fria.

Alternativas nao ha muitas...

Portem se