Como tenho cerca de 15 minutinhos para divagar na internet, lembrei-me de brindar os Ilustres que me têm dado o prazer da sua companhia ao longo destes profícuos tempos de libertinagem blogueira com um pequeno conto.
Nada do que vai escrito tem nada a ver com a realidade, trata-se de um simples exercício abstracto, uma divagação nestes tempos do Portugal socialista. Não me levem a mal, a referência ao socialismo apenas surgiu porque é um pouco díficil aceitar (a uns mais do que outros, dependendo da sua orientação política) que um Santana Lopes tenha sido varrido ao fim de poucos meses por supostamente ter tentado controlar a informação e depois um primeiro-ministro, de forma descarada e a fazer lembrar os piores tempos da pide, faz uso de censura pura e dura e afasta a pivot do telejornal mais visto no País. E nesse mesmo País passa-se isto - http://www.publico.pt/Media/erc-averigua-se-o-estado-interfere-com-os-media_1411536 - mas continua tudo na maior...
Um País onde o caso dos submarinos dura e dura e dura, simplesmente porque interessa durar para se poder apontar a direita como um papão e temos vindo a assistir a escândalo sobre escândalo, prontamente abafados pela conivente comunicação social, um País onde se aumentaram todos os impostos quando foi prometido com todas as letras o inverso e parece tudo bem e pomo-nos a pensar como caiu o cavaco no seu tempo, enfim, é bem diferente a reacção do povo.
De qualquer forma estou já a alongar-me e a divergir do que me levou a escrever-vos, o conto, não era essa a minha intenção.
Once upon a time, existia um País à beira mar plantado, que vivia de vãs glórias passadas mas que apodrecia no imobilismo das suas gentes e nas mãos de reles governantes que mais não faziam do que revelar a todo o instante a sua mediocridade e falta de escrúpulos.
Nesse País o principal responsável pela rede energética nacional, após ser envolvido num escândalo de corrupção, recusa abandonar o posto, qual lapa bem agarrada à pedra, nada mais natural se leram o que vai já escrito. Menos normal, mesmo para esse País apodrecido, foi o accionista maioritário (leia-se estado) ter insistido para ele se manter em funções apesar dos indícios fortíssimos que todos os dias se reforçavam nos jornais.
Como esse País, apesar de tudo, ainda se gabava de ser um estado de Direito, um Juiz suspendeu esse tal responsável das suas funções, obrigando o governo a voltar atrás e a ter que ponderar outra solução, pese embora isso fosse evidente para quem tem um mínimo de moral e de vergonha, desde o primeiro momento.
Convém referir que neste mesmo processo um outro político proeminente do quadrante governativo é constituido igualmente arguido por crimes de corrupção e de tráfico de influências e, pasme-se, foi apanhado em diversas escutas em amena cavaqueira com o 1º ministro, não se sabe bem sobre o quê mas dado o pânico que se gerou e que obrigou todo o sistema judicial a dar pinotes (desde o procurador geral da república até ao conselho superior de magistratura) até que fosse ordenada a destruição desses meios de prova, dá que pensar...
De qualquer forma, e já depois do caso vergonhoso de tentativa de influenciar os magistrados do caso freeport por parte do ex-presidente do eurojust (amigo íntimo do 1º ministro), não é que vários secretários de estado e até ministros (com aquela execrável personagem santos silva à cabeça) vêm falar de "espionagem política" e de "emboscada judicial" neste caso das escutas (como se o 1º ministro não pudesse ser investigado nem que estivesse a vender o País ao estrangeiro) o que levou já a associação sindical dos Juizes a considerar inaceitáveis tais pressões sobre a magistratura por parte do governo em clara violação do princípio de separação de poderes.
De qualquer forma, foi esse mesmo 1º ministro que indicou para o conselho superior da magistratura (pois são nomeações políticas) uma certa pessoa, que ocupa a posição de vogal no órgão que fiscaliza e exerce poder disciplinar sobre os juízes, que é agora advogado constituido do responsável pela rede energética nacional já falado no início e entretanto afastado de funções por ordem judicial. Facto que provocou já a indignada reacção do bastonário da ordem dos advogados que defende existir uma incompatibilidade grosseira de funções e que urge moralizar o tal conselho superior da magistratura, também já falado antes quando ordenou a destruição das escutas com o 1º ministro.
Confusos? Não vale a pena, é mais uma salgalhada à Portuguesa (perdão, à sócrates qual fiel imitador de um outro 1º ministro em tempos idos que aproveita actualmente a sua senilidade para enxovalhar sem sentido todos os que discordam dele).
Afinal o santana é que era um cabrão dos piores e então o portas, ui, ui, desse nem se fala...
Ps.: Com tamanho enredo para além de ter ficado zonzo, já gastei os 15 minutos, e ainda assim não consegui um final feliz para o meu conto...
3 comentários:
Estiveste muito bem... menos na parte de tentar arranjar desculpas para os submarinos. Como se as acusacoes de que o Socrates eh alvo impliquem a inocencia ou nao do PP e do CDSPP/PSD nesse escandalo.
O que eh que o caso dos submarinos nos diz. Que independentemente de serem esquerda ou direita os partidos no poder querem sempre eh mamar e corromper. Uns mais outros menos mas sempre o mesmo.
Ja li artigos em que se fala de uma operacao maos limpas em Portugal, parecida como a Italiana. Sinceramente parece-me a unica hipotese pois esta rede esta bem inflitrada e abrange todos os principais partidos politicos que passaram por governos em Portugal desde o 25 de Abril.
Ja na decada de 80 quando um senhor, que me falha agora o nome, que estava a frente de uma comissao de combate ah corrupacao pediu mais poderes esta foi logo encerrada pelo PS e PSD.
Não resisti na história dos submarinos :) mas ainda assim o que é certo é que o homem não foi sequer indiciado no processo (embora não goste muito deste argumento)...
Abraço alemão!
Que grande salgalhada!
Já agora, tu que andas no meio Judicial qual seria a tua solução para existir total independência entre a Justiça e o Direito em PT? Que o conselho superior da magistratura não fosse nomeado politicamente?
Eu sei o básico (e mm básico) de Direito pela disciplina que tivemos (Eu, o Duxxi e o Sami) no liceu no 12º ano e um dos temas pilares assentava na independencia entre a Justiça e a Política... o que me parece extremamente lógico! Por isso não entendo o porque do conselho superior da magistratura ser nomeado politicamente.
Espero a sua explicação Sr. Advogado :)
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