quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O nosso Vitória...


"Terminada mais uma década, será imperioso olhar - mesmo que o coração não queira ver aquilo que a razão jamais desmente – o quão pequeno se fez o Vitória nestes anos. O Vitória da nossa paixão. O clube que amamos sem saber muito bem como, nem quanto. O Vitória que adoptamos como nosso único clube e cuja massa associativa não passa despercebida a qualquer adepto de futebol. É este Vitória que, em 87 anos de história nunca se fez grande. Apenas um título digno de registo em tantos anos de história. Em tantos anos de batalhas. Podemos apregoar que somos únicos na forma como vivemos o clube, que somos diferentes na forma como defendemos o que é nosso e que somos ímpares no modo como apoiamos os nossos, mesmo em situações bem difíceis. Sim, é verdade. Mas a nível desportivo isso tem resultado em… zero. É verdade ainda que determinados clubes, nem com tantos e tão bons resultados conseguem sair da mediocridade das suas assistências.Esta década que agora termina é disso prova cabal. Em 10 anos, o Vitória teve três presidentes, uma dezena de treinadores e centenas de jogadores. E títulos? Zero. Ilusões não faltaram, mas cedo foram combatidas por enormes desilusões que contribuíram decisivamente para o atraso do Vitória comparativamente com os seus grandes rivais. Além disso, no campeonato os vitorianos “habituaram-se” ao sobe e desce do clube. Um clube que, pese embora o apoio singular de que dispõe em termos de massa humana, foi incapaz de crescer ao longo dos últimos dez anos. Foi incapaz de construir um projecto sólido e com isso subir patamares na sua grandeza. Preferiu, definhar-se. Deixar de ter estatuto. Deixar de ser um clube temível para passar a ser um clube comum. Não saber capitalizar as infra-estruturas de que dispõe e os seus excepcionais adeptos. Mais do que isso, viu-se ultrapassado por dois dos seus grandes rivais. No início da década por um Boavista que, discuta-se os méritos ou a forma como lá chegou, tornou realidade aquilo que em Guimarães continua a ser um sonho desde a fundação do clube – ser campeão. A isso juntou mais um vice-campeonato, participações meritórias na Liga dos Campeões e uma meia-final da Taça UEFA (mesmo que hoje, afogado em dívidas, seja já quase defunto). Nesses anos, o Vitória, ora tentava salvar-se da despromoção, ora terminava a meio da tabela mas fora dos lugares de acesso às competições europeias.Nos últimos anos, ao Boavista juntou-se um outro rival do Vitória, o Braga. Enquanto que axadrezados e arsenalistas lutavam pelo epíteto de 4º grande, o Vitória conseguia a proeza de ora conseguir uma excelente classificação, ora evitar a descida nas últimas jornadas. Os avisos foram tantos que a descida de 2005/06 nem sequer pode ser catalogada como um acidente de percurso. Nesses anos, o Vitória viu-se ultrapassado pelo dois. Pelo clube de bairro e pelo clube de uma cidade cujos habitantes padecem desde sempre de bi-clubite. Nada disso o Vitória aproveitou. Continuou sem saber trilhar um caminho de prosperidade e passou a olhar à distância e invejoso face ao sucesso dos outros.A verdade é que o Vitória se fechou. Permaneceu à deriva no seu próprio terreno, preocupado apenas em evidenciar aquilo que tinha de diferente dos demais, mas incapaz de aprender com os erros e, com humildade, copiar os resultados dos outros. Há dez anos que o Vitória não tem rumo. Tanto será capaz de terminar um ano em 3º como terminar o seguinte em 14º. Não porque o futebol seja apenas um jogo de sorte e azar. Mas simplesmente, porque o Vitória não soube ser competente ao ponto de crescer, de se dinamizar e de evoluir.O Vitória que hoje conhecemos é um Vitória que há muito não está de acordo com os sonhos dos seus associados e dos seus fundadores. É um clube que caminha a passos largos para a vulgaridade. Não é certamente este o Vitória conquistador que encarna verdadeiramente o espírito do Fundador do Berço. Este é o Vitória dos vendedores de ilusões que apenas têm sabido trazer desilusões, atrás de desilusões.Para se perceber melhor esta ideia, bastará olhar para o gráfico abaixo, onde está evidente a instabilidade desportiva do Vitória ao longo dos últimos anos. Mau demais para um clube da dimensão humana do Vitória. Então comparado com o percurso sempre ascendente do sempre rival Braga…Mais óbvio é então se olharmos mais detalhadamente para o percurso das três equipas, nas várias competições nacionais em que estiveram envolvidas. É verdade que nenhuma delas foi capaz de ganhar um título, mas se o Braga foi capaz de chegar por 3 vezes às meias-finais da Taça de Portugal, o Vitória apenas o conseguiu 1 vez, no ano da fatídica descida de escalão.Além disso, e se fizermos uma simples média aritmética das classificações das três equipas ao longo da última década (retirando a pior, uma vez que duas delas desceram de escalão), o Vitória apresenta como média o 9º lugar e Boavista e Braga o 6º posto. Mas podemos ir ainda mais além. Se olharmos por exemplo para o número de classificações das três equipas abaixo do 6º lugar, por exemplo, verificamos que em 10 temporadas o Vitória tem 7, o Boavista 5 e o Braga apenas 4.Todas estas estatísticas não pretendem estar a comparar de modo muito rigoroso as três equipas e, admito, custarão a qualquer vitoriano. Mas servirão essencialmente para se perceber, rapidamente, que o Vitória perdeu, na última década, apenas e só 10 anos de existência. Onde não conseguiu nada de muito relevante e onde perdeu oportunidades únicas para crescer e se tornar no clube que todos ambicionámos. O Vitória é hoje uma sombra de si mesmo. Obviamente que isto não quer dizer, por exemplo, que o Vitória não seja capaz de terminar esta temporada em grande, contrariando estes dados, mas quer essencialmente dizer que, mesmo que isso aconteça, não é líquido que na próxima época não volte a cair no marasmo que não desejamos. Até quando? Até ao momento em que os seus dirigentes quiserem pensar seriamente num projecto de médio-longo prazo para o clube, de forma a que o Vitória não continue a hipotecar anos da sua existência e acompanhe a dimensão das suas gentes. Porque é esse o Vitória que queremos, mas não é esse o Vitória que temos. E de nada vale, agora, tentar arranjar culpados. Urge antes, tentar encontrar soluções!


"Vitória até morrer!
Desde já aqui ficam os mais sinceros agradecimentos ao Pedro Ribeiro(www.ovimaranes.blogspot.com) pelo excelente texto, certo que não ficará chateado com (mais) este plágio descarado, que apenas poderá ser entendido como um sinal elogioso à escrita e análise do autor.

6 comentários:

Anónimo disse...

Caro administrador proponho que o site Vimaranes passe a constar dos sitios de interesse clandestino...

Anónimo disse...

Como tirano e opressor q sou.... ou deveria ser.... passamos a publicitar o dito espaço! ;)

TheBlueBeast disse...

pah, o Sereno pelos vistos já é mesmo Dragão...
Mas ouvi nos bastidores que o Desmarets, aka CocaCola, tambem lhe poderá seguir o rumo...
são contratações só mesmo para vos meter bedelho..lol..

Anónimo disse...

E o Pinto Brasil?
O q é q s sabe do homem?!

jm disse...

É por essas e por outras que há muitos nortenhos a torcerem pelos mouros...
Mas como hoje nos fez a nós um dia pode fazer-vos a vocês e não obstante a qualidade do jogador convém referir que entre tantas lesões o sereno nunca jogou mais de 6 meses seguidos, a ver...

amil disse...

Finalmente vou conseguir deixar umas palavrinhas...
Assino por baixo do texto do autor.
No entanto, sendo um pouco menos sério, (como de costume) e aplicando alguma futurologia, este presidente vai-se recandidatar e vai ganhar.

De facto é triste, muito triste.