domingo, 13 de março de 2011

Partidos terão ficado "à Rasca"...



Impressionante, no mínimo, a bofetada de luva branca que os portugueses de todas as gerações passaram ontem a todos os partidos politicos!
Jovens e menos jovens, de direita e de esquerda (ainda existe a direita e a esquerda?) sairam à rua num grande exemplo de revolta que se estendeu por várias cidades do país...

É caso para dizermos aos partidos politicos e às suas máquinas de "tachos": ACORDEM!

8 comentários:

Amil disse...

Só gostava de saber uma coisa. Quantos dos que se foram manifestar tiveram o mesmo espírito de iniciativa e levantaram o cu da cama ao meio dia aquando as duas ultimas eleições?
uma questão de coerência! digo eu...

TheBlueBeast disse...

pá, o pessoal não ve alternativas nos partidos politicos...

mas concordo contigo na parte do "ir votar"...eu proprio faço questão de ir sempre, mesmo quando vou votar em branco (como infelizmente tem acontecido muitas vezes)

esta iniciativa devia de servir de lição para muita gente...

Agora sim, vamos sair da crise disse...

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=473027

jm disse...

Um comentário infelizmente breve por falta de tempo: verdadeiramente marcante e porventura um marco histórico no nosso País. Vamos ver se isto não acaba nas ruas. Até os Tugas, de brandos costumes, estão fartos de tanta incompetência e corrupção. Porque avança o TGV quando se atacam os pobres e a classe média? Digo eu porque o sócrates já recebeu as luvas e não pode parar... Entre milhares de outras que nem vale a pena falar. Basta e parece-me que isto pode ser o inicio de algo grande...

Amil disse...

Pois.. eu também já votei em branco, e nunca pensei em faze-lo. Até porque a minha interpretação da musica "parva que sou" é mais uma chapada na cara desta geração do que uma alavanca de contestação.
Aquela noticia... PORRA PRA ISTO!! Eu sou a favor da estabilidade politica, mas isto é demais! Estes gajos andam a brincar connosco.
Isto é levantar a economia?

TheBlueBeast disse...

os gajos dos campos de golfe lá prometeram algo ao Socrates e ele, pimba, ha que baixar o IVA mas só para os golfistas...todos os outros praticantes de desporto (incluindo o pessoal dos ginásios) paga 23%

só pode ser gozo...

Nuno disse...

Concordo com o Meireles e acho que isto não vai ficar por aqui. O paciência do povo está a chegar ao limite e as imagens da manifestação surpreenderam-me pela quantidade de pessoas que participaram nela. Finalmente esboça-se uma reacção e um alerta num povo que na generalidade é passivo, "come e cala". Espero que a voz de contestação se faça ouvir mais alto.

TheBlueBeast, a ler um artigo interessante no jornal Negócios disse...

A cerimónia de abertura do ano judicial, hoje, vai produzir uma fotografia de família.
Será a mais triste fotografia da decadência de uma era democrática. Cinco magníficos chefes de exércitos de cera, prodigiosos damascos num monumento de mofo. Não há príncipes neste palácio da justiça, nem justiça neste palácio de príncipes. Começando por um dos cinco, o que é ministro.

A mulher de Alberto Martins, que é procuradora-adjunta, recebeu 72 mil euros pela acumulação de funções em dois tribunais. Apesar do parecer negativo da Procuradoria-geral da República; apesar da decisão contra de um ex-secretário de Estado. Escândalo? Não, um dia normal. Que diz o ministro? Que não interveio. Que faz o ministro? Manda investigar.

Agora compare: há três semanas, o ministro da Defesa alemão, Karl-Theodor zu Guttenberg, um dos ministros mais populares e fortes de Angela Merkel, foi acusado de plágio na tese de doutoramento. Não esperou por investigação: demitiu-se. Descubra as diferenças, não são sete, é só uma: a dignidade do sistema político sobrepõe-se a quem lá passa.

Uma demissão não é um acto de saneamento político mas de sanidade do sistema; não é uma confissão de culpa, mas de sentido de Estado. Mas em Portugal ninguém se demite, tudo se admite. Os portugueses não conseguem votar por falha grave do Cartão de Cidadão? Rolam cabeças subalternas. A mulher do ministro da Justiça (repito, da Justiça) é suspeita de favorecimento? Não há problema. Mas a expressão "degradação das instituições" vem-nos à cabeça - e é eufemismo.

Voltemos à fotografia de família de hoje: teremos um ministro cuja mulher é suspeita de favorecimento; um Presidente da República traído, e condicionado, pelo Governo; um procurador-geral da República impotente e sem dinheiro para investigar a gravíssima suspeita de um juiz alvo de escutas ilegais; um bastonário que acusa os juízes de violação de direitos humanos e que não consegue que a sua Ordem dos Advogados aprove um orçamento; e um presidente do Supremo que manda destruir escutas ao primeiro-ministro que nunca mais são destruídas.

Este é um retrato patético de poderes que não mandam e que em vez de se separarem, se opõem. Este é o retrato de um sistema de Justiça que faz da própria cerimónia que o celebra uma caricatura da sua lentidão: o ano judicial iniciou-se em Setembro, a sessão de abertura é em Março.

Estamos cansados das reformas na Justiça. Já se reformaram todos os códigos, os mapas judiciários e os nós das acções executivas - e o que sobra são suspeitas de leis à medida de quem legislou, políticas paralisadas e um milhão de processos a entupir tribunais. Fala-se de politização do sistema e de falta de meios, e não se o despolitiza nem se lhe dá meios.

A reportagem que o Negócios hoje publica fala dessa criminosa falta de meios. De um gabinete de seis metros quadrados onde estão duas juízas e por onde todos passam se querem ir à casa de banho. De outro tribunal onde se fez uma "puxada" à máquina de multibanco (!) para fazer telefonemas, pois não há telefone. De um Tribunal do Comércio de Lisboa com arranha-céus de papéis. Uma democracia sem juízes, independentes e poderosos, não é uma democracia, é uma ameaça. Isto não é justiça. Mas é isto a Justiça, com ministro, a sua mulher e tudo.

Os partidos não perceberam nada das manifestações de sábado. Os jovens e velhos, os canhotos e os destros, não pediam empregos para a vida, pediam justiça e uma economia com oportunidades, onde o mérito tenha espaço para prevalecer. Não há justiça sem tribunais. Não há política com partidos que justificam os defeitos porque a virtude é uma abstracção. Há anos que cheira a fim de regime. Mas o regime adora-se.