As mitícas figuras do futebol nacional

Um bem haja, ilustre amigos, bloguístas e demais clandestinos...

Em antecipação à rubrica que iniciarei, gostaria de vos ilucidar sobre o que vos irei trazer nesta minha crónica que será apresentada sempre que necessária, isto é, sempre que o tempo e a ocasião se proporcionarem, sobre as mais belas figuras do nosso futebol.

Após um imenso trabalho jornalístico de pesquisa, espionagem e chantagem emocional, conseguimos adquirir o direito legítimo de vasculhar os mais bem guardados ficheiros da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Possuímos agora, tudo o que queria saber sobre... As personagens mitícas do futebol nacional.
Como iniciação, não poderia começar melhor esta rubrica. Apesar de esta reportagem já ter sido apresentada outrora neste mesmo espaço, decidi recomeçar a contagem retornando a esta personagem que, concerteza, agradará a todos!!

. o mediático Abel Gomes aka “Guarda Abel”

O início da lenda...

É com imensa honra e após unanimidade por parte dos membros da redacção, que abrimos esta rubrica semanal com a personagem mais mediática do futebol português: o Guarda Abel.

O mais célebre episódio com este indivíduo como protagonista aconteceu em vésperas de uma célebre deslocação do Benfica às Antas, num jogo que decidia o campeonato. João Santos era o presidente das “Águias” e recebeu publicamente ameaças de morte, quando se encontrava na Sede do Salgueiros, no Porto, na cerimónia de tomada de posse dos órgãos sociais. O Benfica ganhou o jogo (e o infeliz campeonato) com dois golos de César Brito, e no final do encontro os dirigentes encarnados denunciaram o clima de terror imposto, culminado com insultos e agressões.

Igualmente no imaginário do desporto nacional, mas por motivos extradesportivos, entrou de rompante um “segurança” portista, conhecido como Guarda Abel, que foi acusado de agredir elementos do Benfica no final da partida (haveria de ser condecorado pelos serviços prestados à Nação). João Santos não esteve presente e o então “vice” Jorge de Brito, abandonou as Antas escondido numa carrinha Ford Transit. Foi o auge da “intervenção pública” do Guarda Abel.

Aos poucos, a sua presença foi sendo cada vez mais discreta. Actualmente, segundo “O Último Clandestino” apurou, Abel Gomes é treinador e dirigente dos “Passarinhos da Ribeira”, popular clube da cidade do Porto.

Tal como o acerto nas contratações e o inflamado discurso regionalista, a intimidação ganhava a forma de arma de arremesso aos adversários. Era o princípio de uma nova era: A Guerra Fria do Futebol Português.

Os testemunhos...

João Santos (ex-presidente do Benfica): “Mostravam metralhadoras...”

João Santos, relembra o episódio das ameaças de morte perpetradas pelo Guarda Abel. “Estava em representação do clube na cerimónia de tomada de posse dos órgãos sociais do Salgueiros. Logo no início do acto, entra na sala um indivíduo, o Guarda Abel, que começa a injuriar-me, ameaçando-me de morte. Acho que o fez porque nós denunciávamos frequentemente algumas práticas menos claras que ele e o seu grupo cometiam. Ele estava nitidamente embriagado, ou pelo menos actuava como tal. Lá o convenceram a sair da sala, mas fê-lo a custo e sempre a ameaçar-me de morte”.

João Santos garante ainda que nas deslocações a Lisboa, o grupo do Guarda Abel “mostrava as metralhadoras que escondia debaixo das gabardinas, para intimidar. Segundo sei, eram armas da polícia, requisitadas à sexta-feira, antes dos jogos, e devolvidas na segunda-feira. Infelizmente, o processo sobre este caso não teve seguimento, pois o ministro da tutela de então parece que o gardou na gaveta. Razões políticas...”

Gaspar Ramos (ex-chefe do futebol do Benfica): Fotógrafo sem máquina.

O antigo chefe do futebol evoca o célebre FC Porto – Benfica de 91.

“Houve um repórter fotográfico que fotografou a nossa equipa a vestir-se num corredor, porque puseram um produto tóxico no balneário. Quando de lá saiu, foi agredido e roubaram-lhe a máquina. Mas nós tínhamos-lhe pedido o rolo e por isso houve fotos do sucedido no dia seguinte”.

Hernâni Gonçalves (ex-preparador físico do Porto): O balneário é um santuário

“O Guarda Abel é um polícia muito competente e um portista ferrenho, do qual tenho o prazer de ser amigo. Há muitos anos, em Alvalade, houve um diferendo entre o Branco e um jogador do Sporting. A polícia quis entrar no balneário e ele disse-lhe: “Alto que aqui ninguém entra. Isto é um santuário fora da autoridade policial”. E eles não entraram”.

Quem é vivo sempre aparece...

A presença de Carolina Salgado, putéfia e, na altura, companheira de Pinto da Costa, nas bancadas do Estádio da Luz durante o Benfica – Porto, acabou por estar no epicentro de uma polémica que teve prolongamento verbal no final do jogo, com troca azeda de palavras entre dirigentes dos dois clubes.

Mas teve outro efeito, devido à exposição mediática que provocou: permitiu “redescobrir” a figura do Guarda Abel, célebre personagem que ganhou fama há cerca de 13/14 anos, quando alegadamente chefiava um corpo de seguranças do FC Porto, que acompanhava a equipa de futebol por todo o país. E que ganhou fama devido a episódios de intimidações e agressões reletados, e denunciados, nos jornais de então.

De cabelo rapado e com um visual diferente daquele com que ficou célebre à época, o Guarda Abel posicionou-se, durante o jogo, ao lado de Carolina Salgado, como comprovam as muitas fotografias tiradas à companheira de Pinto da Costa, e que abundantemente ilustravam as páginas da generalidade dos jornais. Na viagem até Lisboa e na deslocação, a pé, desde Alvalade (local de concentração da claque portista?!!) até à Luz, ambos estiveram sempre muito próximos. Após alguns anos de apagamento, pelo menos mediático, o Guarda Abel parece estar de volta.

Mas quem é, afinal, este cromo apelidado de Guarda Abel?

Segundo informações prestadas ao “O Último Clandestino” pela Direcção Nacional da Polícia de Segurança Pública, o agente Abel Gomes já não pertence ao quadro activo da Polícia. Entrou há 26 anos para aquela força de ordem pública e desde sempre se evidenciou pela forma fervorosa como apoiava o FC Porto.

Certo dia, numa deslocação ao Restelo, um grupo de elementos fez-se notar, por gestos e atitudes pouco comuns a acompanhantes de uma equipa de futebol. Possuíam cartões de livre trânsito emitidos pela FPF, que lhes franqueavam o acesso a zonas restritas dos estádios. Há quem garanta ter visto armas. Há até quem jure que eles próprios faziam questão de as exibir.

O Guarda Abel era um desses elementos, o que obrigou a PSP a agir disciplinarmente. Abel Gomes acabaria por ser mais tarde colocado na Divisão de Trânsito, em funções de secretaria. Até entrar de baixa médica prolongada manteve essas funções. Há cerca de três anos passou à situação de pré-aposentação, ainda de acordo com informação prestada por fonte da Direcção Nacional da PSP.Um verdadeiro guerreiro.

Mas o grau de Portismo só pode ser medido pela ESCALA GUARDA ABEL, em homenagem ao adepto de sonho de qualquer Portista, o único capaz de, no exercício da sua actividade profissional, na PSP, entrar no estádio munido de cacetete, para arrear no lombo aos adeptos, que tinham o desplante de se atreverem ir apoiar outra equipa, que não o FCP!

Será este o verdadeiro Português, a descendência mais directa daqueles que fizeram com que Portugal não fosse espanhol?!