sexta-feira, 2 de maio de 2008

A liga dos milionários !


Quando, no próximo dia 21, em Moscovo, Manchester United e Chelsea disputarem uma final inédita da Liga dos Campeões - pela primeira vez, colocará em confronto duas equipas inglesas - os respectivos patrões de ambas estarão em "campos" opostos.
Se o russo Roman Abramovich, do Chelsea, se vai sentir em casa, que é como quem diz na capital do seu país, o norte-americano Malcolm Glazer estará, provavelmente, a leste... mas desse jogo, bem longe, nos Estados Unidos. É que o dono dos "reds" nem deve, se calhar, deixar a sua elitista Palm Beach, na Florida, para viajar até à fria capital russa, porque, em termos desportivos, o futebol nunca foi a sua grande paixão. E assim, os seus filhos, a quem confiou a gestão do clube, continuarão a ser os lídimos representantes do investidor que há três anos, oriundo do continente americano, surpreendeu tudo e todos ao conseguir a maioria do capital do clube mais famoso e prestigiado de Manchester.

Será a primeira vez, também, depois da "invasão" de um número significativo de clubes da Premier League por parte de accionistas estrangeiros verificada a partir do ano 2000, que uma final da mais importante competição europeia de clubes coloca frente a frente dois magnatas.
Enquanto o Manchester United, de acordo com um estudo da revista "Forbes", continua a ser, pelo quarto ano consecutivo, o clube mais valioso do Mundo (1,16 mil milhões de euros), o Chelsea está agora na quarta posição (764 milhões de euros). É o poder do futebol inglês.

Amorim "goleia" Glazer
Ligado ao futebol pelas acções que possui do FC Porto, em cuja administração já esteve representado, o empresário Américo Amorim, que lidera o "ranking" português da revista Forbes referente aos homens mais ricos do Mundo, deixa a léguas, financeiramente falando, Malcolm Glazer, o "patrão" do Manchester United. O norte-americano ocupa apenas o 462.º lugar e, então se comparado com o russo Roman Abramovich, é, passe o exagero… quase um "pedinte". Aliás, Glazer não fica muito à frente de Joe Berardo, o terceiro maior milionário português, amante de futebol e sócio do Benfica.
O meu é muito maior que o teu...
Quando era miúdo e vivia numa aldeia da Sibéria, certamente Abramovich não teria ou reivindicaria brinquedos maiores que os seus colegas e amigos, mas hoje, com as voltas que a vida deu, a situação é diferente. Todos os bens materiais são sumptuosos, desde os iates (tem dois!) aos aviões. Foi o primeiro privado a adquirir um Airbus A380, cujo custo orçará os 213 milhões de euros e vai ser construído com especificações próprias, já que o oligarca russo não necessita de utilizar a sua capacidade para transportar 840 passageiros.
Agora, depois do capricho do submarino pessoal, que permite levar dez pessoas a submergir, vai ser proprietário do maior imóvel de Londres. Será uma "supercasa" (ver infografia), sem dúvida a mais cara do Reino Unido, que lhe custou 189 milhões de euros. Está localizada em Lowndes Square, na capital britânica, a cidade do planeta onde o sector imobiliário atinge valores verdadeiramente proibitivos. Para alguns...

"At coda Dyengi", interrogam os russos adeptos de equipas rivais do Chelsea quando vislumbram o seu compatriota Roman Abramovich nos estádios. E têm razão, porque aquela frase traduz-se simplesmente assim: "De onde sacaste a massa?" É que apenas aos 36 anos Abramovich já era detentor de uma fortuna calculada em três mil milhões de euros!
Nascido de uma família humilde, o pequeno Roman cedo perdeu a mãe e aos quatro anos já não tinha pai, que perecera num acidente. Valeu-lhe, então, a adopção de que foi alvo por parte de um tio paterno, alto funcionário de uma companhia petrolífera russa e de família da classe média-alta de Komi, região... petrolífera da Sibéria. Foi a sorte do miúdo de Saratov, porque ainda antes de cumprir o serviço militar obrigatório teve oportunidade de estudar na Universidade de Petróleo e Gás de Gubkin. Desde tenra idade que o ouro negro esteve sempre por perto do actual proprietário do Chelsea.
Os estudos superiores abriram-lhe novos horizontes no mundo da indústria petrolífera e da política. Conheceu BorisBerezovsky, economista e matemático que tinha a particularidade de ser amigo da família Yeltsin e acabou por ser não apenas seu sócio como conselheiro. A dupla Berezovsky-Abramovich explorou depois da melhor forma, com a cumplicidade dos governantes russos, a privatização de várias empresas da velha indústria petrolífera do país. Criou riqueza atrás de riqueza, somando milhões e mais milhões. Tornou-se, inclusive, accionista da companhia aérea Aeroflot, onde trabalhava Irina, a que foi sua esposa e de quem tem cinco filhos, durante 15 anos. O divórcio ocorreu em 2007 e fala-se que a ex-senhora Abramovich, no divórcio mais caro do Mundo, poderá ter recebido oito mil milhões de euros. Pouco tempo depois, era visto em Paris na companhia da bela Daria Zhukova, antiga namorada do tenista Marat Safin e que poderá ter sido o principal motivo do divórcio.
Hoje, é o terceiro russo mais rico, atrás de Oleg Deripaska (alumínio) e Alexei Mordashov (siderurgia).

De ascendência lituana, Malcolm Glazer é filho de um antigo relojoeiro e chegou, aliás, a liderar o negócio do pai, na pequena cidade de Rochester, junto à fronteira com o Canadá. Já era empresário de sucesso nos Estados Unidos quando, com paciência e alguma precisão, começou a tentar assumir o controlo do Manchester United. À terceira, o ex-relojoeiro acertou o negócio, já com a intenção de colocar a gerência do clube britânico na mão dos seus três filhos, Joel, Bryan e Avram, enquanto ele segue à distância, desde a elegante Palm Beach, a vida do clube. Isso para se centrar nos negócios no seu país, que vão desde o imobiliário à restauração, passando pelos supermercados.
A entrada de Glazer no Manchester United (MU) não foi, contudo, muito pacífica, já que necessitava de um empréstimo para custear a operação de tomada do capital, acabando por transferir para o clube essa dívida de... 600 milhões de libras, algo que não caiu nada bem nos meios locais. Chegaram a correr rumores de que seria necessário vender Ronaldo e Rooney, as jóias do MU, que passara de clube sem dívidas a... endividado. Mas, com os êxitos desportivos e a liderança técnica indiscutível de Alex Ferguson, os "reds" continuam de vento em popa, até porque os três filhos de Glazer também não fazem muitas ondas junto do executivo David Gill.
A equipa ganha, o merchandising continua a proporcionar receitas de milhões, e, quando assim é, todos ficam satisfeitos, inclusive o habilidoso empresário norte-americano.

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