quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A actual Crise Financeira...


É uma forma de ver a coisa...

Para quem não entende, ou não sabe bem o que é, ou o que gerou a crise americana,segue um breve relato económico para leigo entender... rsrsrsrs.
É assim:

O Ti Jaquim tem uma tasca, na Vila Carrapato, e decide que vai vender copos'fiados'aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados.Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço dadose do tintol e da branquinha (a diferença é o sobre preço que os pinguçospagam pelo crédito).

O gerente do banco do Ti Jaquim, um ousado administrador formado em cursomuito reconhecido, decide que o livrinho das dívidas da tasca constitui,afinal, um activo recebível, e começa a adiantar dinheiro aoestabelecimento, tendo o 'fiado' dos pinguços como garantia.
Uns seis zécutivos de bancos (que recebem chorudíssimos ordenados como prémio pelas decisões milagreiras que saiem daquelas cabacinhas, sim cabacinhas), mais adiante, lastreiam os tais recebíveis dobanco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outroacrónimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.

Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais econduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastroinicial todo mundo desconhece (os tais livrinhos das dívidas do Ti Jaquim).

Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, comfortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiropara pagar as contas, e a tasca do Ti Jaquim vai à falência. E toda acadeia vai para a p... que a pariu....

É muito simples...!!!
Tentando desviar as atençoes do futebol, proponho um debate de ideias sobre esta crise financeira.
Tentemos elevar os temas deste blog.
Boa discussao!

7 comentários:

Nox disse...

Tal como nas guerras em que o Homem persiste em provocá-las e nunca aprende com a história que é o pior remédio, também neste caso o Homem tem a memória curta. Deveria ter servido de liçao o sucedido em 1929 em Wall Street, mas mais uma vez superados pela ganancia caiu-se no mesmo erro. E somos todos os que pagamos.

Espero que a Europa possa desta vez bater o pé à "fragil" america e ganhar protagonismo. É certo que os EUA comandam o mundo e que vamos sofrer com a sua recessao, mas a sua arrogancia esta a cair.

Agora que abri o debate, que pensam os demais clandestinos?

TheBlueBeast disse...

já andei com outros clandestino em grandes discussoes via email sobre isto e, um coisa é certa, nem os entendidos na materia podem prever nada...

é caso para dizer: só sei que nada sei...

Anónimo disse...

Tenho algumas opiniões sobre vários assuntos que são relevantes no âmbito deste debate mas por falta de tempo, e para não andar para aqui a escrever asneiras à pressa, darei o meu parco contributo para esta discussão (louvável, refira-se, a tua atitude de variar os temas em discussão neste blog) durante o fim de semana, altura em que, previsivelmente, terei mais tempo para expor certos pontos de vista.

Amil disse...

A CULPA É DO PINTO DA COSTA ;)

Amil disse...

Agora a sério. Menos mal que o BCE emitiu hoje um comunicado em que esta assegurada a sobrevivência de todos os bancos europeus, visto que se necessário o mesmo não deixará ninguém entrar em falência. Se tal acontecesse aí sim entramos TODOS numa recessão se calhar ainda pior do que a de 1929. Porque essa teve as principais consequências nos próprios EUA, mas desta vez estamos todos mais dentro do mesmo barco (global), logo se um se afundar vai tudo junto. Mesmo China e Japão sofreram as suas consequências...
Claro que a Europa ainda vai andar atrelada aos EUA por mais uns anos, mas quem sabe esta fase não servirá para equilibrar mais os mercados, e nós como continente não dependeremos tanto deles?
Pelo menos os grandes entendidos dizem que os altos e baixos e mesmo as recessões são um "voltar a estaca zero". É um pouco como as estações do ano.
Para terminar digo mais.
A CULPA É DO SÓCRATES

Unknown disse...

A raiz dos problemas

Assumamos um banco típico que financia o seu activo com 95% dívida (parte substancial de curto prazo) e 5% de capitais próprios. E imaginem que uma parte dos seus activos, por exemplo 30%, são créditos hipotecários. Os gestores deste banco acreditavam na máxima de que "Os preços do imobiliário nunca descem". Hoje em dia pode parecer absurdo mas devemos recordar que o Presidente da Reserva Federal Alan Greenspan disse por diversas vezes que "Housing price bubbles presuppose an ability of market participants to trade properties as they speculate about the future. But upon sale of a house, homeowners must move and live elsewhere. This necessity, as well as large transaction costs, are significant impediments to speculative trading and an important restraint on the development of price bubbles. Overall, while local economies may experience significant speculative price imbalances, a national severe price distortion seems most unlikely in the United States, given its size and diversity."
Sucede porém que inesperadamente (pelo menos para esses gestores, para os accionistas do banco e para os seus depositantes e credores) os preços das casas descem 10% e se descobre que os devedores não têm rendimentos (na verdade nunca ninguém se deu sequer ao trabalho de lhes perguntar - o banco tinha aderido à prática de conceder os designados empréstimos NINJA - No Income No job No Asset). Ou seja, os seus activos desvalorizam-se 3% e os capitais próprios passam a corresponder a apenas 2% dos seus activos, o risco de insolvência aumenta e o banco passa a ter dificuldade em obter financiamentos. A solução é obviamente aumentar o capital. Sucede porém que entretanto o mercado imobiliário continua a cair (entre outras razões porque este banco e outros tomaram posse das casas dos incumpridores e colocaram-nas no mercado) e os seus activos voltam a desvalorizar-se colocando o banco numa solução próxima da insolvência e que o banco não consegue reforçar os seus capitais próprios no mercado ficando com um rácio de solvabilidade de, digamos, 2,5%. Naturalmente que os seus credores, nomeadamente outros bancos vão voltar a ter relutância em emprestar-lhe fundos, colocando o banco numa situação de não poder satisfazer os seus compromissos de curto prazo porque não consegue fazer o roll-over da sua dívida. Ou seja, um problema de insolvência transformou-se num problema de liquidez. Os gestores do nosso banco só têm uma saída que é a de "liquidar" os seus activos, pelo que vão reduzir o crédito concedido (desalavancar o seu balanço) de forma a tentar recuperar os seus rácios de solvabilidade e tentar obter o máximo de meios líquidos possíveis para poder fazer face a levantamentos de depositantes e ao reembolso dos passivos que forem vencendo. A questão é que a recuperação do rácio de solvabilidade de 5% teria que reduzir os seus activos (créditos) para metade. Sucede ainda que o nosso banco não é o único nesta situação e portanto todos os bancos tendem a recusar ceder crédito a outros bancos (ou a só fazê-lo por prazos muito curtos e a taxas elevadas) porquanto: 1) têm receio que os bancos a quem emprestarem fundos caiam numa situação de insolvência; 2) pretendem conservar os seus fundos para fazer face a levantamentos de depósitos e rembolsar os passivos que forem vencendo já que sabem que será muito dificil fazer o respectivo roll-over.
O banco centrais podem eliminar a justificação 2) com alguma facilidade, bastando garantir que disponibilizarão a liquidez necessária aos bancos solventes (cumprindo a sua função tradicional de "lender of last resort"). A eliminação da justificação 1) já implica, todavia, uma resposta mais heterodoxa e teoricamente pode ser prosseguida de duas formas: a) trocando os activos "arriscados" por activos seguros por forma a que os outros bancos deixem de ter dúvidas quanto à solvência dos bancos a quem emprestem - é esta basicamente a ideia subjacente ao plano Paulson; b) aumentando os capitais dos bancos por forma a que deixem de subsisitir dúvidas quanto à solvência dos bancos através de injecção de capitais - é isto basicamente que fizeram os belgas e holandeses e o Reino Unido está a tentar fazer.
Note-se que para que a opção a) funcione por si só seria necessário que os activos "arriscados" fossem comprados a um preço que permitam que os rácios dos bancos sejam satisfatórios. Ou seja, que esses activos sejam adquiridos por um preço superior ao (valor implicito) que os mercados lhes atribuem. A ideia do plano Paulson era a de que esses activos estariam a ser subavaliados pelo mercado e portanto seria possível que o Estado os adquirisse por um preço que permitisse simultaneamente assegurar a solvência dos bancos e sem custos para o Estado (na medida em que o Estado poderia recuperar o valor aplicado na aquisição através da venda desses activos quando o seu valor recuperasse ou mantendo-os até à maturidade).
Existem no entanto vários problemas (para além dos montantes colossais envolvidos): 1) a penalização dos accionistas e gestores que tem sido exigida implica que estes tentem fazer tudo para que os respectivos bancos não sejam auxiliados e que portanto tentem resolver por si só os seus próprios problemas contraindo o crédito e mantendo uma posição de liquidez muito forte; 2) na sequência dos problemas os mercados não estão dispostos a aceitar rácios de solvabilidade que se verificavam antes da crise (exigindo rácios superiores) o que implica igualmente cortes de activos; 3) este processo está associado uma destruição de riqueza considerável (redução do valor do imobiliário - que está na raiz do problema) e do valor dos títulos dos bancos agravada pelos efeitos indirectos resultantes dessa quebra no preço de outros activos; 4) a redução do crédito (ou, pelo menos da taxa de crescimento do crédito) e a destruição de riqueza referida é por si só suficiente para provocar uma desaceleração do crescimento (ou até mesmo uma recessão) que agrava a dificuldade de resolver o processo podendo mesmo criar-se um ciclo vicioso; 5) associado a este processo existe a necessidade de reafectação de recursos dentro da economia (nomeadamente dos sectores da construção e financeiro para outros sectores) e reequilíbrios das taxas de poupança-investimento a nível internacional.
Neste contexto, o melhor que se pode esperar é que o processo de ajustamento seja o menos caótico possível e que a recessão seja relativamente benigna.

in http://jopms.blogspot.com/

Anónimo disse...

Quem lucra com tudo isto é o fornecedor de bebidas à tasca!!!!!