terça-feira, 9 de março de 2010

Dois textos para reflectir...


Imaginem


Imaginem que todos os gestores públicos das 77 empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação. Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento. Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas. Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado. Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público. Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar. Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês. Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência. Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas. Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam. Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares. Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas. Imaginem remédios dez por cento mais baratos. Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde. Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros. Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada. Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.
Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas. Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo.


Imaginem que país podíamos ser se o fizéssemos.

Imaginem que país seremos se não o fizermos.


Por Mário Crespo





QUALIDADE DE VIDA DO RENDIMENTO MINIMO


Qualidade de vida é receber 800 € mensais (ou mais) para não fazer nada.
Qualidade de vida é levantar á hora que se quer porque os outros trabalham para ele.
Qualidade de vida, é ter como única preocupação escolher a pastelaria onde vai tomar o pequeno-almoço e fumar as suas cigarradas, pagos com os impostos dos outros.
Qualidade de vida é ter uma casa paga pelos impostos dos outros, cuja manutenção é paga pelos impostos dos outros, é não ter preocupações com o condomínio, com o IMI, com SPREAD´S, com taxas de juro, com declaração de IRS.
Qualidade de vida é ter tempo para levar os filhos á escola, é ter tempo para ir buscar os filhos á escola, é poder (não significa querer) ter todo o tempo do mundo para acarinhar, apoiar, educar e estar na companhia dos seus filhos.
Qualidade de vida é não correr o risco de chegar a casa irritado, porque o dia de trabalho não correu muito bem e por isso não ter a paciência necessária para apoiar os filhos nos trabalhos da escola.
Qualidade de vida é não ter que pagar 250€ de mensalidade de infantário, porque mais uma vez é pago pelos impostos dos outros.
Qualidade de vida, é ainda receber gratuitamente e pago com os impostos dos que trabalham o computador Magalhães que de seguida vai vender na feira de Custóias, é receber gratuitamente todo o material didáctico necessário para o ano escolar dos seus filhos, e ainda achar que é pouco.
Qualidade de vida é ter as ditas instituições de solidariedade social, que se preocupam em angariar alimentos doados pelos que pagam impostos, para lhos levar a casa, porque, qualidade de vida é também nem se quer se dar ao trabalho de os ir buscar.
Qualidade de vida é não ter preocupação nenhuma excepto, saber o dia em que chega o carteiro com o cheque do rendimento mínimo.
Qualidade de vida é poder sentar no sofá sempre que lhe apetece e dizer “ TRABALHAI OTÁRIOS QUE EU PRECISO DE SER SUSTENTADO”.
Qualidade de vida é não ter despesas quase nenhumas, e por isso ter mais dinheiro disponível durante o mês, do que os tais OTÀRIOS que trabalham para ele.
Qualidade de vida é ainda ter tempo disponível para GAMAR uns auto-rádios, GAMAR uns carritos e ALIVIAR umas residências desses OTÀRIOS que estão ocupados a trabalhar OU ASSALTAR uma ourivesaria.
Qualidade de vida é ter tudo isto, e ainda ter uma CAMBADA DE HIPÓCRITAS a defende-lo todos os dias nos tribunais, na televisão, nos jornais.
Isto sim, isto é qualidade de vida.
Ass: UM OTÁRIO


Autoria desconhecida.


8 comentários:

JoaoSousa disse...

Não li o texto todo, só li o inicio para dizer a verdade, mas imagino o Mario Crespo a pedir uma redução de 10% do seu ordenado e a usar o seu tempo livre em serviço voluntário.

Se calhar acha melhor escrever escrever textos bonitos (?) e, é claro, receber um cheque chorudo no fim do mês.

Amil disse...

Que eu saiba o Mario Crespo trabalha na SIC, e que eu saiba a SIC é uma empresa privada, certo?
O QUE SE ESTÁ A FALAR AQUI É DE CARGOS PULICOS!

Se o "dono da SIC" lhe apetecer aumentar os ordenados de todos os seus funcionários em um milhão de euros, a partida a empresa não vai conseguir pagar, certo? Logo fecha as portas, logo ele próprio, "o dono" deixa de ganhar, certo?
Se as empresas do estado aumentarem os ordenados dos funcionários quem os vai pagar? Eu cá sei o que me vai tocar a mim. E uma coisa é certa, essas empresas do estados geridas por gente paga a pesa de ouro, incapaz de abdicar de 10% dos seus rendimentos (coisa que um brasileiro acabou por fazer, apesar de estar a gerir uma empresa Português), não vão falir nunca porque andam aqui OTÁRIOS como eu, e se calhar até tu, a bater com as costas todos os dias.
Não sei se me fiz compreender!?!

JoaoSousa disse...

podemos também imaginar que "descendo IRC, IRS e IVA dez por cento a economia ia soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins."

Ou que "optando por carros dez por cento mais baratos", "diminuindo dez por cento despesas de representação", "dispensando dez por cento dos assessores e consultores e passando a utilizar a prata da casa", "gastando dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar", "pensionistas milionários do presente, aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões" teríamos como consequência "manutenção de postos de trabalho e criação de outros. os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares". pelo menos seguindo o texto parece-me este oencadeamento lógico.

Confesso que me escapou a relação...

Mas certamente existe um estudo sério a suporta o texto. Não acredito que sejam só bitaites para o ar. É tudo tão fácil nos artigos de opinião.

porquê só sacrificar aqueles que têm cargos de maior responsabilidade? os gajos só estão lá para mexer em papelada e aparecer nos jornais/tv? Não convém é dizer que esses pagam um bocadinho mais impostos.

Porque não ir mais longe e cortar 10% a todos os funcionários do Estado? se todos baixassem 10% "Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas.".

Um dia temos o trabalhador a querer ganhar mais que a chefia. é só ir fazendo uns cortes aqui e ali, porque eles não precisam...

jm disse...

Acho que o congelamento dos salários na função pública não é suficiente. É preciso tomar verdadeiras medidas de retoma como fez a irlanda que reduziu 15% aos salários mais elevados e 5% aos mais baixos na função pública. Todos sabemos que entrámos em qualquer câmara deste país e estão 3 ou 4 funcionários a contar piadas uns aos outros e demoram 3 dias para despachar um papel, ainda por cima pagos a peso de ouro (pq no privado ninguém lhes pagava o que recebem na função pública!). É insustentável a situação portuguesa como bem defende Medina Carreira, pois não é possível que entre aposentados, subsidiados, funcionários públicos e afins quase 7 milhões!!!!! de pessoas vivam à custa do estado enquanto os que restam andam a sustentar esta malandragem com os seus impostos! BASTA! Algo tem de mudar e imediatamente. Curioso é que o ps nos governou nos últimos 13 de 16 anos e ninguém lhes pede responsabilidades face a esta caminhada para o abismo...Mais, com este novo PEC é mais do mesmo, quem vai sofrer é a classe média e média alta que são os únicos que sustentam este país, cortes nos subsídios não vejo nenhum e continua a festa, cada vez mais me apetece sair do país porque não me apetece ser otário toda a vida e como eu muitos, depois veremos como os subsidio-dependentes se sustentam uns aos outros, talvez até tenham que trabalhar... Onde vais parar Portugal?

um camarada disse...

E VIVA O COMUNISMO!!!!

Amil disse...

Ó cumuna, vai mas é trabalhar.

DJ Olex - Evita a caspa disse...

é o cancro do pós 25 de abril... está aí para durar.

Sá Rocha disse...

O problema de Portugal é estrutural.
Os funcionários públicos são só uma parte do problema. Mas desde o 25 de Abril poucos estão isentos de culpas no presente estado da economia Portuguesa. Quem aumentou de forma tremenda o peso do estao (o primeiro!!!) foi o nosso corrente Presidente da República. Sim, o senhor Aníbal. Não foram só os últimos 13 anos PS que provocaram esta situação, ela vem de trás e os principais motivos são estruturais.