Assisti com muita atenção ao programa que foi ontem para o ar na RTP 1”Prós e Contras” e confesso que fiquei desiludido.
Apenas o mais “baixinho” dos intervenientes, o Octávio Machado, disse alguma coisa de jeito e ao seu jeito. Fez a diferença dos que continuam a viver à custa do sistema e dos que têm a mania de que não se devem desipotecar do politicamente correcto.
Gostei da atitude sempre firme do advogado, António Marinho, mas também me apercebi que o homem tem coragem, sabe colocar o dedo na ferida, mas não está por dentro dos negócios do futebol.
Rui Santos deu alguma emoção ao programa com a discussão com o “palmelão”, mas são lutas antigas e pessoais que nada tinham a ver com o programa.Quem sabe como o futebol é gerido em Portugal, conhece todas as manobras de bastidores e que e não tem medo de dar a cara, nem sequer foi convidado, como convém nestas situações.Falou-se muito e disse-se pouco.
Levantou-se o problema do excesso de estádios do EURO, mas ninguém disse que foram construídos 10 estádios porque havia muita especulação imobiliária por trás do negócio e que os clubes não foram os verdadeiros beneficiados.Falou-se de jogadores e contratos, mas, não se aflorou a distribuição de comissões com os dirigentes e havia na plateia gente que podia falar disso.
Ninguém perguntou a Vítor Pereira porque é que depois do árbitro Paulo Batista ter sido acusado pelo MP da Figueira da Foz, ele resolveu não o nomear mais, mas passadas três semanas, voltou a nomeá-lo sem dar explicações em relação ao seu recuo.
Falou-se da possível falência do futebol português, mas ninguém levantou a questão de que, ao contrário da falência dos clubes, há dirigentes e agentes do nosso futebol, que cada vez, estão mais ricos.
Ribeiro Teles falou da formação no seu clube e de algumas contratações, mas ninguém lhe fez perguntas sobre os jogadores emprestados e os altos vencimentos dos sul-americanos e muito menos lhe pediram para esclarecer o contrato de João Pinto. Rui Santos sabe do que se passa e ficou calado.
José Manuel Meirim tentou salvar o seu negócio e não se entende porque é que nenhum representante do Porto aceitou o convite, assim como da Liga e da FPF. Estes não querem mesmo a verdade no futebol. Valentim Loureiro perdeu uma grande oportunidade de ser julgado na televisão.
No entanto, gostei da intervenção da apresentadora (por sua vez uma mulher a falar de futebol), quando quis distinguir a Justiça Civil da Justiça Desportiva. Pois bem, a diferença é imensa. Deu-se o exemplo do problema de Itália - o CalcioCaos. Porque em Itália, não esperaram pela justiça civil para fazer a justiça desportiva, quando despromoveram a Juventus e retiraram pontos ao Milan e à Fiorentina. Neste assunto o único presente que poderia dar a cara era Vítor Pereira, que por sua vez afirmou que não era um assunto da sua competência. Que falta fez neste programa outros nomes e outras personagens deste caso mediático.
De qualquer modo, apesar de ter negado a sua presença nerste programa, Valentim Loureiro dispôs-se à entrevista com Judite de Sousa. Pena é que Octávio Machado não estará lá para instalar o pânico!